1.3.05

Soneto da Espera

Que bem conheço a espera e o seu lanço!
Ao princípio é cadeira de balanço,
uísque, livro, fumo azul no ar.
É a espera, projecto de esperar.

Um denterrato rói esse tabique
e sobre o tempo-antes uma fresta
se abre-fecha para maior abrir-se.
O tempo-agora já se desespessa

e o tempo-antes cresce. Qual balanço,
uísque, livro, fumo azul - a espera!
Adulterado tempo-agora, avanço
da paixão em demência que acelera

por ilusório tempo: o de abolir,
contigo hoje, o antes e o porvir.


Alexandre O'Neill

1 comment:

Anonymous said...

Já n espero! :)