26.8.05

Pas de deux

às vezes o nosso amor adora morrer
p´ra voltar e voltar a correr
às vezes o nosso amor evapora, ora
parece que o ar do lar o devora
às vezes o nosso amor tropeça só
para que o chão lhe peça – “levanta-te depressa”

às vezes o nosso amor adora sangrar
p´ra esvair e voltar a estancar
às vezes o nosso amor adora lamber
a cicatriz que insiste em conceber
às vezes o nosso amor desflora só
para que o céu lhe peça – “Benze-te depressa”

às vezes o nosso amor acalora
para que a água estale a pele a ferver
às vezes o nosso amor decora, ora
parece que o ar do lar o estupora
às vezes o nosso amor descola só
para que peça a peça se junte numa peça

o nosso amor adora suster
o ar que inspira e sorve só p’ra verter
às vezes o nosso amor demora a crescer
parece que tem medo de não caber, de não caber...

Hélder Gonçalves
[ LX Editora ]

2 comments:

Marisa Fernandes said...

Às vezes, para que o amor se torne mais forte e depois ganhei muito mais força e vitalidade, o melhor mesmo é "renascer" a partir das cinzas...
Bj

Trovador said...

"Mas como causar pode seu favor
(...)
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?"